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JOÃO BATISTA FAGUNDES
( BRASIL - RIO GRANDE DO SUL )
João Batista Fagundes - é Gaúcho de Uruguaiana, onde nasceu em um domingo de Páscoa no dia 5 de abril de 1936. Mas tem orgulho de dizer que também é Cidadão Alegretense, por decreto da Câmara Municipal de Alegrete, em cuja cidade retirou sua infraestrutura cultural nos bancos escolares do Grupo Escolar Demétrio Ribeiro, da Escola Modelo Lauro Dorneles, e da Escola Oswaldo Aranha, antes de iniciar sua carreira militar na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre.
Após o curso de Engenharia da Academia Militar das Agulhas Negras, percorreu intensa jornada de atividades profissionais em vários estados no Nordeste e da região Amazônica, retornando ao Rio de Janeiro onde realizou o curso de Bacharel em Ciências Jurídicas se Sociais pela Faculdade Nacional de Direito e, posteriormente, o curso de Doutorado em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Filho de família numerosa com 10 irmãos, herdou da casa paterna a facilidade de expressar com invejável propriedade o sentimento de sua própria alma.
Hoje, com mais de 60 anos de vida pública que se iniciou em 1953 com seu ingresso na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre, deixou o serviço ativo no Exército no posto de Coronel, mas continuou em plena atividade servindo aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, por cujos serviços recebeu a honraria de 22 condecorações.
É Autor do texto de várias canções hoje cantadas em Unidades militares do Brasil.
Em suas letras estão presentes os passos marcantes de sua passagem em todos os Estados da Federação Brasileira, particularmente, da região Amazônica, por onde foi eleito em duas legislaturas como representante do Estado de Roraima na Câmara de Deputados.
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FAGUNDES, João Batista. Versos diversos.Brasília: Athalaia Gráfica e Editora Ltda, 2016. 592 p. No. 10 944
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do livreiro BRITO, de Brasília, DF.
TRISTEZA
I
Quando a tristeza me invade
Escrevo pálidos versos
De modo vago e disperso
Sem disfarçar a verdade.
Não sei se é voz da saudade
Que ecoa dentro de mim,
Mas sempre que fico assim
Lutando só contra ela
Sou como ator de novela
Que luta e morre no fim...
II
Nenhum sorriso me aflora
Com tua tristonha ausência
E a casa tem a aparência
De uma tapera que chora !
No tempo que passa agora
As flores não mais exalam
As vozes todas se calam
E os passarinhos não cantam
As músicas não encantam
E os papagaios não falam...
INDAGAÇÃO
I
Não sei por que razão me indagas tanto
Se já te dei de mim tudo o que havia...
Dei-te o riso e a tristeza. O amor e o pranto
Dei-te o escuro da noite e a luz do dia.
II
Mas teu olhar me espreita atravessado
Qual Pilatos julgando um inocente...
Que leva a mão ante o Crucificado
E solta o Barrabás dos delinqüentes...
III
Eu nada tenho em minhas mãos cansadas
Nem ricas flores, nem saudosas preces
Só trago os calos de ásperas jornadas
Em meio às ilusões que o tempo esquece.
IV
Não tendo nada que até chegue à altura
Procuro versos de infantil ternura
Que expressem soltos meu amor sem fim.
V
Na voz das coisas que a poesia encerra
Nego-te as coisas materiais da terra
Mas deixo um pouco o que de bom há de mim...
A FARDA
I
A farda não é roupa que se veste
Nem que se despe com indiferença.
Não é prata que gere recompensa
Nem comenda que a glória nos empreste!
Mas é algo que sempre nos reveste
Da grandeza da própria instituição
Que jamais nos transmite a sensação
De ser simples produto de consumo
Sem ideal, sem princípios e sem rumo
Perdido no deserto da ilusão...
II
Quem usa a farda nunca está sozinho,
Pois ela abriga a história e a tradição.
Tem alma, sonho, corpo e coração
Onde não medra a mancha nem o espinho.
Nós somos dela apenas o escaninho
Que guarda, lava, passa, escova e zela
Deixando as cores vivas que tem nela
Refletir a mensagem da esperança
Por ser imagem viva e semelhança
De uma vida exemplar correta e bela.
III
Ela não é couraça nem trincheira
Refúgio forte ao gladiador com medo.
Não é cofre que esconde os seus segredos
Para guardar o ouro na algibeira.
Mas é guardiã do lema da Bandeira
Com ordem e progresso no seu corte
Que tem na própria honra o ponto forte
Como destaque à vida do soldado
Que bem reflete o grito consagrado
Deste BRASIL de “independência ou Morte...”.
IV
Quem pode usar o galardão da farda
Não usa a roupa como um dom de graça.
Mas como fruto de um ideal sem jaça
De quem conquista o posto de vanguarda.
Nela não tem qualquer eiva bastarda
Que comprometa as merecidas palmas
Quando o clarão da saudação das salvas
Eleve aos céus o brilho que revele
Bem mais que a veste que reveste a pele
A luz do manto que engrandece a alma!
Brasília, 8 de fevereiro de 2011.
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Página publicada em setembro de 2025.
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